Nesta quinta-feira, 14, foi encontrado em águas buzianas, um filhote de baleia morto. Se trata de um neonato de baleia-jubarte (Megaptera novaeangliae), ainda com o cordão umbilical. E hoje, dia 15, a equipe do Instituto BW (@institutobw) e o Grupo de Estudos de Mamíferos Marinhos da Região dos Lagos (GEMMLagos) foram até o local e, com o auxílio da Secretaria Municipal do Ambiente e Urbanismo e Guarda Ambiental do município, estão realizando o exame necroscópico para compreender qual é a causa de morte desse animal. O exemplar refere-se a um macho de 4,5 metros de comprimento e pesando aproximadamente 1300Kg.
A atual gestão da Prefeitura de Búzios por meio da Secretaria do Ambiente e Urbanismo, está trabalhando para fomentar o trabalho científico em questões relacionadas aos animais marinhos que chegam à costa do município. O governo municipal está empenhado em fomentar gestão ambiental junto com pesquisa científica. De acordo com o Secretário do Ambiente, Evanildo Nascimento, esse é um advento que está acontecendo na gestão do Prefeito Alexandre Martins. De acordo com o secretário, o trabalho tem sido intensificado e aprimorado através da criação de chefes de Unidades de Conservação junto com os Conselhos de Unidade de Conservação Terrestre e Marinha realizadas pelo prefeito.
Sobre a causa da morte do filhote de baleia, Evanildo disse que é necessário aguardar o veredito dos institutos de pesquisa para saber de fato a causa da morte: “As mortes não têm nada a ver com arpão de pesca subaquática. Além disso, é muito irresponsável dar veredito sobre como ocorreu tal fato antes de ouvir os especialistas. Graças a Deus, a população de baleias tem aumentado no mundo inteiro. Estamos fazendo nosso trabalho neste momento, que é colaborar com a ciência para averiguar mediante os dados coletados”, destacou ele.
Esse indivíduo nasceu em águas brasileiras, como a grande maioria dos nascimentos que ocorrem no período compreendido entre julho a novembro. O tamanho ao nascer varia entre 4 a 4,5 m e chega ao peso de 1 tonelada. Ao final da temporada já quase dobram de tamanho. Nessa fase de vida são muito vulneráveis, podendo se perder da mãe durante tempestades ou mesmo serem atacados por orcas ou tubarões. Segundo o prof. Dr. Salvatore Siciliano, coordenador do GEMMLagos, essa é apontada como uma das causas da migração das baleias-jubarte para águas mais quentes e rasas: fugir de predadores, como as orcas, muito mais abundantes nas águas antárticas e subantárticas. Além de refúgio, as águas mais quentes garantem um rápido crescimento dos filhotes que logo vão ganhar independência da mãe, ou seja, no próximo ano, com cerca de 9 metros de comprimento, já vão estar nadando sozinhas.
Baleias-jubarte realizam extensas migrações anuais entre áreas de alimentação nos polos, ou seja, em águas frias e ricas em alimento, para áreas de reprodução e criação de filhotes em águas mais quentes, onde os filhotes ganham peso e tamanho para retornarem aos polos. A migração ocorre de maio a novembro, com picos em junho, julho e agosto, quando passam bem próximas à costa.
Após uma redução drástica das populações em função da caça, quando menos de 1.500 baleias podiam ser encontradas na costa brasileira nos anos 70, essa população vem se recuperando e hoje alcança mais de 25.000 baleias. Inevitavelmente algumas vão acabar encalhando, seja por causas naturais ou ações antrópicas, como poluição química e sonora.
De acordo com a médica veterinária Paula Baldassin, do Instituto BW, o exame necroscópico é de extrema importância para que seja possível entender o que levou o animal ao óbito, todo material biológico é coletado e analisado, desde conteúdo alimentar até exames histológicos.
O GEMM-Lagos e o Instituto BW realizam o projeto de monitoramento de praias no estado do Rio de Janeiro que faz parte das exigências estabelecidas pelo processo de licenciamento ambiental federal da Agência Nacional do Meio Ambiente (IBAMA), para exploração de óleo e gás pela PETROBRAS na Bacia de Campos, província do pré-sal.
A organização não governamental Instituto BW para a Conservação e Medicina da Fauna Marinha (IBW) foi criada em janeiro de 2020, por um grupo de quatro profissionais, pela necessidade de atendimento médico veterinário aos animais selvagens, muitas vezes causados pela ação antrópica (humana); mas também pela falta de atividades de educação ambiental voltadas para a população local da região. Numa época de grandes desafios como a crise econômica e COVID-19, a criação da ONG e seus trabalhos persistiram em prol dos seus objetivos. O Instituto BW tem por objetivo incentivar, promover, desenvolver e apoiar a pesquisa, educação, medicina veterinária e a conservação ambiental.
O Grupo de Estudos de Mamíferos, Aves e Répteis Marinhos e Costeiros da Região dos Lagos (GEMM-Lagos) foi fundado em 1999. A finalidade do GEMM-Lagos é o desenvolvimento de programas de pesquisa científica e educação ambiental relacionados à conservação e manejo das espécies de mamíferos, aves e répteis marinhos, assim como de seus ambientes naturais (oceânico e costeiro). Atualmente, é coordenado pelo Dr. Salvatore Siciliano.